A agência de classificação de risco Standard & Poor’s voltou a incluir em sua lista “creditwatch” negativa o grupo de telecomunicações Oi, por conta da polêmica criada em torno do investimento (897 milhões de euros) da parceira Portugal Telecom em papéis comerciais da Rio Forte, empresa do Grupo Espírito Santo.
A OI havia saído da lista de creditwatch em 26 de maio por conta da certeza de fusão da companhia com a Portugal Telecom e sua posição competitiva favorável no mercado brasileiro
“Em nossa visão, existe a possibilidade de a Portugal Telecom perder tais investimentos, cujos prazos de vencimento são 15 e 17 de julho de 2014, em função da potencial fragilidade financeira do grupo português Espírito Santo”, afirmou a Standard & Poor’s em comunicado à imprensa.
“Vamos avaliar o potencial de perda desses investimentos e o resultado efetivo no risco financeiro e liquidez da Oi, uma vez que pode retardar o processo de desalavancagem da companhia, mais que o esperado”, disse a analista Luisa Vilhena, no relatório da agência.
Agência ainda vai avaliar a potencial perda dos investimentos da Portugal Telecom “e seus efeitos no perfil de risco financeiro da Oi e na sua liquidez, uma vez que isso poderia fazer com que a Oi leve mais tempo para reduzir sua alavancagem em relação às nossas expectativas iniciais”.
A observação negativa deve ser retirada tão logo a agência tenha mais informações sobre o potencial de perda, devendo ser resolvido nas próximas duas semanas.
Nos resta esperar dia 15 para ver se a fusão estará comprometida,
Também em Portugal, os acionistas minoritários estão atentos, caso o assunto não se resolva de uma forma justa. A revisão da participação de 37% para 20%, no meu entender, deixa de ser interessante para a PT, logo a fusão não avançará. Historicamente, a gestão da PT até à entrada na OI era exemplar e elogiada por todos (mas este erro é muito grave), ao contrário da OI. Outro fato é que os ativos da Rio Forte darão para pagar (pelo menos em grande parte) à PT, por isso teremos que esperar alguns dias para conclusões definitivas.
As notícias vindas de Portugal diante desse episódio não são boas, veja o que está circulando no Brasil
http://economia.estadao.com.br/noticias/mercados,crise-do-bes-deve-influenciar-abertura-de-ny,1526502
Temor por banco português cria tensões nos mercados
http://www.valor.com.br/financas/3609740/temor-por-banco-portugues-cria-tensoes-nos-mercados
Analistas do JP ressaltaram que uma auditoria especial foi realizada recentemente nas demonstrações financeiras consolidadas do Grupo Espírito Santo e que foram encontradas irregularidades contábeis. “A auditoria constatou que o grupo está em grave situação financeira”
http://m.infomoney.com.br/onde-investir/acoes/noticia/3449776/morgan-corta-recomendacao-apos-quedas-consecutivas
O maior problema é no grupo ES e não no BES, e os papéis comerciais da Rio Forte pertecem ao GES. Estão para sair notícias frescas, depois colocarei aqui.
O Banco Pactual responsável pelo AC da OI está curto na PT, é legal, mas parece-me imoral (mas na bolsa isso não existe). Com o forte crescimento da OI (hoje) pode ser um indicador que a participação da PT na OI irá baixar.
Há que dizer, em nome da verdade, que aquando do memorando da fusão, a OI já sabia que havia papel comercial da Rio Forte no valor de 750 milhões € (o Santander assinou também), o que está em causa são mais 150 milhões que foi colocado depois do memorando. Sendo assim, o máximo admissível serão os tais 150 milhões €
na tal revisão da % da PT na OI, falar-se na descida de 37% para 20% é absurdo e pode colocar em causa a própria fusão. Enquanto acionista da PT (e OI) não aceitarei os tais 20%, mas é justo uma ligeira descida (pelas minhas estimativas por alto poderá descer de 37% para 33%). Aguardemos pelos próximos capítulos.
Acabadinho de sair (tantas horas reunidos para tão pouco):
http://www.dinheirovivo.pt/Empresas/Telecom/interior.aspx?content_id=4020678
O evento mais provável é que a PT receba uma parte em meados de Julho e a outra parte que seja adiada de 1 a 3 meses (vender ativos à pressa é um erro) , caso seja antes do momento formal da fusão, nada mudará…
O grupo BES tem ativos valiosos, como seguradoras (com bom lucro), hóteis, etc, por isso ainda não é o momento do desespero, se houver bom senso de todas as partes, uma solução viável irá ser encontrada.
Os analistas do Merrill Lynch traçaram três cenários para o desfecho do caso. No primeiro deles, a PT recebe todo o dinheiro de volta e coloca um ponto final na preocupação financeira, embora as questões de governança ainda permaneçam. No segundo cenário, que os analistas consideram como pouco provável, a Portugal Telecom renova a operação. A terceira possibilidade seria a PT receber apenas parte do dinheiro de volta, o que poderá ter duas consequências. Ou os acionistas da Oi terão de absorver pelo menos metade das perdas. Ou os acionistas da PT assumem sozinho o prejuízo, o que parece ser um cenário mais plausível, diante das circunstâncias em que a operação foi fechada. Nesse caso, os acionistas da PT deverão receber menos ações do que o inicialmente previsto na fusão com a Oi – pressão nesse sentido é feita por seus atuais controladores.
Calcular qual seria uma nova relação de troca ainda é puro exercício, uma vez que não se sabe qual será o desfecho para as finanças da PT. O que está previsto hoje é que, ao final da fusão, os acionistas da tele portuguesa teriam cerca de 37% da nova companhia. Alguns cálculos imprecisos já surgem no mercado apontando que esse percentual possa descer para entre 20% e 30%.
Pelo modelo da fusão, esses acionistas não estarão vinculados e a nova tele não terá controle definido. Um novo conselho já está indicado e sugere que os atuais sócios continuarão ditando os rumos da nova empresa. Um ponto que preocupa é se o relacionamento entre os grupos ficará ou não afetado depois dessa operação.
Numa situação extrema, lembra um advogado ouvido pelo Valor, em tese a Oi poderia até mesmo brigar na Justiça com a PT para desfazer a fusão. Isso porque aparentemente a PT deixou de divulgar uma informação importante para a avaliação dos seus ativos. Num contrato, quando uma das partes omite algo importante, a outra pode pedir judicialmente para que o contrato seja anulado. Mas isso dependerá de uma decisão da Oi.
Em relatórios, o JP Morgan também mostrou preocupação com a falta de transparência da PT. E a Goldman Sachs destacou que espera por uma divulgação proforma dos resultados de Oi e PT em agosto, para que seja possível “ampliar a confiança” dos investidores no negócio.
http://www.valor.com.br/empresas/3604140/oi-e-pt-buscam-saida-para-caso-da-rioforte-antes-de-15-de-julho#ixzz36bMJxCqk