Matéria publicada no portal Infomoney apresenta uma nova realidade dos riscos incorporados nas operações na bolsa de valores e que merece muita reflexão.
“Algoritmo para manipular cotações já mexeu com 4% do mercado dos EUA
Intenção é fazer com que o sistema fique mais lento, permitindo que quem tenha uma melhor estrutura para executar trades
Por Felipe Moreno |18h57 | 08-10-2012
SÃO PAULO – Parece filme: um algoritmo de High-Frequency Trading invade a bolsa e faz milhares de investidores perderem suas economias. Algo similar aconteceu nos EUA semana passada, após um único robô postar e cancelar milhares de ordens em frações de segundos – em o que acredita-se ser uma tentativa de manipular o mercado. Isso foi o suficiente para se tornar 4% de todas as ordens nas bolsas dos EUA na semana passada, sem realizar um único negócio.
“Eu acredito que eles estavam testando o mercado, como HFT geralmente fazem, tentando criar latency”, disse Jon Najarian, co-fundador do site TradeMonster.com em entrevista ao portal CNBC. A intenção é fazer com que o sistema fique mais lento, permitindo que quem tenha uma melhor estrutura para executar trades – as grandes corretoras e bancos que possuem servidores dentro das próprias bolsas – tenha uma oportunidade de ganhos, enquanto as pessoas físicas são prejudicadas.
As milhões de ordens garantiu que o algoritmo engolisse 10% de toda a banda – em suma, se 10 algoritmos desses estivessem ligados ao mesmo tempo, a bolsa norte-americana, maior do mundo, não aguentaria e iria ficar fora do ar. “Isso mostra o quanto uma única pessoa pode fazer impacto no mercado, e as bolsas estão ignorando isso”, avalia Eric Hunsader, presidente da Nanex – especializada em detectar esse tipo de anomalia.
Embora os reguladores afirmem estar de olho nessa situação, a prática de HFT corresponde à 70% de toda a movimentação na bolsa norte-americana. Para alguns, é necessário que seja instituída algum tipo de imposto por ordem – desestimulando esse tipo de movimentação. Hunsader acredita que se alguma notícia ruim tivesse sido divulgada, o algoritmo poderia ter criado uma bola de neve forte o bastante para derrubar a bolsa.
Alguns erros famosos já ocorreram em decorrência da prática: em agosto, a Knight Capital ligou um algoritmo – e descobriu que ele perdia milhões de dólares por minuto. Embora tenha desligado pouco tempo depois, o algoritmo mal programado quase quebrou a empresa. Outro caso famoso é o Flash Crash de 2010, quando o Dow Jones apresentou queda de mais de 10% – e poucos minutos depois já estava normal.”
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